Entre os corredores, mesmo experientes, existem sempre inúmeras dúvidas acerca do melhor trabalho a realizar para preparar a musculatura do nosso corpo para a corrida. Existem normalmente os que nada fazem ou os que realizam alongamentos estáticos como forma supostamente eficaz de prevenção de lesões. A realização de alongamentos antes de uma sessão de corrida é provavelmente a estratégia mais comum que inclusivé é adoptada como "aquecimento" frequentemente oferecido por organizadores de algumas provas de corrida um pouco por todo o lado.

É importante deixar-mos logo claro que a realização desses alongamentos antes da corrida não preparam a musculatura do corredor para prevenir lesões! Se o fazem com regularidade o nosso conselho é deixarem de os fazer! Sim, sabemos que é uma prática comum que vem desde os anos 70 ou 80 e que todos, de alguma forma, nos habituámos a desenvolver através de certas rotinas sem acompanharmos a evolução que nos é dada através de alguns importantes estudos nesta  área.


Os alongamentos estáticos não nos permitem melhorar a performance na corrida e podem mesmo diminuir a produção de força do corredor. Tudo o que não queremos no corredor antes de iniciar o seu treino ou competição é diminuir a capacidade de produção de força e pretendemos, pelo contrário, manter ativa a capacidade de coordenar estímulos neuro-musculares que nos forneçam uma boa capacidade de contração muscular determinantes para preservar o  equilíbrio e uma boa aplicação de força no solo.


As evidências que nos são dadas pelas investigações nesta área, somadas às experiências práticas, sugerem-nos que os alongamentos estáticos antes de uma corrida podem favorecer o aparecimento de lesões nos membros inferiores. Deste modo, os alongamentos devem fazer parte das rotinas de treino após a corrida e não antes de cada sessão. Se ainda assim, os hábitos de treino levarem alguns corredores a terem alguma sensação de "conforto" antes da corrida com a realização de alongamentos, sugerimos que estes sejam feitos de forma dinâmica evitando de todo, posições estáticas durante alguns tempo. Complementarmente, estes exercícios nunca devem ser acompanhados pela sensação de dor ou desconforto, o que deve ser visto como um importante sinal de que algo pode correr mal durante a corrida


Por isso mesmo, o nosso conselho vai para a realização de exercícios que mobilizem a estrutura muscular da forma que ela terá de ser utilizada na corrida. Queremos que os músculos das pernas e dos pés estejam capazes de intervir com qualidade na diminuição da instabilidade própria da corrida, na prevenção de lesões e numa melhor absorção dos impactos no solo. Queremos também que toda a musculatura que envolve a anca seja estimulada de modo a permitir uma boa estabilização da anca durante a corrida.


Depois da realização destes exercícios a corrida deve sempre iniciar-se com uma intensidade baixa no início da sessão de modo a que toda a musculatura seja confrontada  de forma progressiva com o trabalho que terá de fazer durante a corrida.


Pequenos cuidados que somados ao longo de dezenas, centenas ou milhares de treinos de corrida, podem fazer toda a diferença!